Artigo de Evandro Vieira Ouriques
(escrito para a minha intervenção no trabalho Inverno-Ciclo das Estações pela Medicina Chinesa Antiga, dirigido pela Dra. Rose Souza, em 04.08.2004, na Associação Brasileira de Arte e Ciência Oriental, Rio de Janeiro, dirigida pelo Dr. Raimundo Sohaku)
Quando me perguntam "Como cuido de mim ou de minha organização?", recomendo a construção de estados mentais não-violentos. Neste Inverno, a Dra. Rose Souza chama a atenção, em seu reconhecido trabalho, que esta Estação é, para a medicina chinesa antiga, o Tempo do Rim e da Bexiga. E que no Rim está armazenada a Ancestralidade, esta questão decisiva em minha vida e trabalho.
A construção de estados mentais não-violentos, o mesmo que estado de saúde, depende de que tenhamos nossa mente focada nos ensinamentos que advêm do fato concreto –inarredavelmente científico- de que temos ancestrais e que nossa interdependência para com eles precisa ser levada em conta. O que demanda um grande esforço, pois a economia psíquica pós-moderna se organiza ao redor da antecipação do futuro, ou seja, do que vem depois, do próximo objeto, da próxima conquista (seja de uma pessoa que assim se torna um objeto ou de qualquer outro objeto de consumo).
Recentemente quando estive na Superintendência da Polícia Federal no Rio de Janeiro (1) para falar a respeito das relações entre a não-violência mental e a saúde psíquica e social, uma especialista presente comentou um fato extremamente sintomático. O Hospital da Aeronáutica/RJ -o antigo e belo Hospital Alemão, situado no Rio Comprido e entregue ao Governo Federal em 1942- passou recentemente por uma reforma de "modernização" e a pedra fundamental daquele histórico prédio simplesmente sumiu. Ninguém sabe onde está o fundamento. Não é à toa que a medicina alopata trabalha apenas o sintoma e desconhece a origem causal, pois ela só pode ser encontrada sempre a partir do passado, do fundamento.
Ao contrário desta tendência cada vez mais intensa hoje de valorizar apenas o "novo", a ciência prova exaustivamente que é apenas graças aos nossos ancestrais que temos existência. Graças à árvore da qual somos fruto: tanto a árvore genealógica mais diretamente humana, nossos ancestrais pré-históricos, quanto aos nossos impensáveis ancestrais biológicos, celulares. Recentemente o estudo do genoma humano, por exemplo, nos revelou insuspeitos e íntimos parentescos nossos com certos animais como o rato…
Cientificamente, somos uma grande família. Como seres vivos e como seres sociais, nós somos descendentes -por reprodução- não apenas de nossos antepassados humanos, como dito, mas, muito além, de ancestrais não-humanos e por isso muito diferentes e que remontam há mais de três bilhões de anos. As células eucariontes, por exemplo, que compõem a totalidade dos corpos humanos, surgiram por volta de dois a dois bilhões de meio de anos atrás…
Todas as nossas células são descendentes, igualmente por reprodução, da célula particular que se formou quando um óvulo se uniu com um espermatozóide e nos deu origem (2). Não levamos em conta esta realidade em cada uma de nossas decisões, por exemplo. E é assim que ficamos doentes, desmemoriados do que somos.
Todas as células de um indivíduo são portanto descendentes da célula particular que se formou quando um óvulo de sua mãe se uniu com um espermatozóide afeiçoado por ele. A ciência já sabe que o óvulo se relaciona com os espermatozóides que se aproximam dele e libera determinadas substâncias que amolecem a área de seu próprio envólucro que está justamente diante do espermatozóide pelo qual também se afeiçoou, selecionou.
Ou seja, o Princípio Feminino participa ativamente da concepção (3), ao contrário do que fala a versão patriarcal/machista ao exaltar aquele "único e bravo" que venceu, "por si só", todos os outros, e "penetrou" na "passiva fêmea"…
A comunicação entre estes opostos complementares, a oposição-fundamento Yin e Yang, é a origem de você, que me lê agora. E mais: você continua a ser e sempre será apenas relação, como fostes na origem. Uma origem que não está no passado. Que está agora, em cada célula sua, em cada percepção sua à palavra que falo, em cada gesto no qual escrevo para você.
A doença, portanto, é a desconexão. É a perda da memória da Origem, esta que se manifesta na Ancestralidade. A Origem é assim esquecida e fica mentalmente separada do Ser Humano, que se pensa independente dela, de forma absoluta e última: Natureza separada de Cultura, Homem separado de Mulher, Vitória separada de Derrota.
É por isto que "ser vitorioso" é dominar, humilhar, abandonar o outro, excluí-lo, para pateticamente querer cuidar "apenas de si", como se isso fosse possível. Como uma criança congelada na fase do "quero-porque-quero", quando pensa existir sozinha…
As estatísticas da violência e da miséria de todas as ordens estão aí para comprovar este estado atual de infância generalizada (4). Que é exatamente o contrário da experiência de comunicação, da experiência de saúde, da experiência de democracia, aquela que ocorre entre, na relação efetiva entre células, orgãos, pessoas, culturas, civilizações (5).
Doença é a não-comunicação
Por isso o Dr. Hélio Holperin vê em seu trabalho com a homeopatia a "relação íntima entre a doença, que é um comportamento celular, e o comportamento humano, que é o reflexo do nível de consciência de quem adoece" (6).
Hoje, uma simples Olimpíada escolar existe apenas pela idéia de que poucos vão ganhar o "melhor" e a maioria vai ficar na pior, à espera de um dia ser "vitoriosa".
Essa é uma péssima e sintomática pedagogia, que nos faz entender o ódio de uma torcida contra a outra, de uma corporação contra a outra, de uma religião contra a outra, enfim o ódio entre crianças, entre alunos, alunos e professores, pessoas, partidos, classes, religiões, corporações, traficantes, mendigos, amantes, e mesmo, de forma muitas vezes surda, amigos e familiares.
É preciso que entendamos, se queremos estados mentais não-violentos (a cura) que a oposição é, sim, própria da Vida. E que ela exige que o indivíduo (o sujeito do ponto de vista ocidental) se afirme, como cada um de nossos ancestrais se afirmou para que estivéssemos aqui vivos. Mas trata-se de uma afirmação que não se faz na exclusão e supressão do Outro. Exclusão e supressão que é a violência. A doença. Sua origem? A perda do sentido de Unidade (7).
Por isso, a re-incorporação da Ancestralidade, através de metodologia própria para a lembrança mental e corporal, é o remédio que restabelece o vigor das redes que são as nossas famílias internas (celulares, orgânicas, emocionais, mentais, energéticas, enfim Chi manifesto) e nossas famílias externas (consanguinidade, vizinhança, comunidades, organizações, instâncias do Estado, corporações econômicas, mídia).
Como se sabe, a maneira mais eficaz de avaliar a justiça e a bondade de um reino continua a mesma recomendada pelo clássico da mutação I Ching (8) e que, entendo, podemos aplicar também na avaliação do reino do corpo: percorrer todas as partes do reino para ver como as coisas realmente estão. Se os estados mentais do sujeito se movimentam em acordo ou desacordo com as qualidades formais e sensíveis dos orgãos.
A doença é portanto realmente falta de comunicação, como percebemos Dr. Raimundo Sokaku e eu nos anos 80, em uma de nossas sempre longas conversas a respeito das relações entre a Tradição e o vigor de uma Cultura de Saúde. Hoje, eu sustento que doença é a não-comunicação, na medida em que compreendida a lição de cada uma das doenças, ou seja as virtudes que precisam ser aprendidas, elas deixam de ser doença como maldição e passam a ser simplesmente irmãs, misericordiosa revelação dos ensinamentos que vêm da face mortal de nossa Mãe.
Na última greve de fome de sua vida, Mahatma Gandhi tinha 78 anos. Era janeiro de 1948, aquele herói lutava pela Paz na Índia e no Paquistão, dilacerados, divididos e "independentizados". Aqueles que o iriam assassinar já tinham chegado a Nova Delhi. Cuidar do Mahatma era uma tarefa difícil, pois ele estava quase à morte, à beira da coma total.
Os representantes máximos de todas as forças políticas e religiosas decisivas da Índia e do Paquistão, e mesmo a do ex-Vice-Rei do Império das Índias -então já Governador-Geral da Índia e do Paquistão- estavam a sua cabeceira, convocados por ele a se entenderem. Sob a pena de Gandhi se entregar deliberadamente à Morte.
Pois bem, tratava-se do destino de 400 milhões de seres humanos, e se ele estava no fiel da balança, era por estar focado na não-violência, no respeito à totalidade, na honra à Ancestralidade que exige a tolerância, o diálogo, o respeito mútuo, o encontro da semelhança que re-une os irmãos e as irmãs. Re-une a dispersa família.
Mesmo tendo uma magnitude que palidamente se percebe após centenas de páginas e muita meditação, Gandhi (9), a Grande Alma (este é o significado de Mahatma), apresentou bruscas crises de desespero -em momentos de muita intimidade- diante de alguns minutos de atraso na chegada de um item vital em seu código de higiene. Contrito com seu próprio paradoxo, assim ensinou: "Não nos tornamos verdadeiramente conscientes de nossas imperfeições (…) senão atravessando uma prova como o jejum" (10).
A vitória da ascendência sobre si,
pelo exercício da memória de quem se é
A questão é que aquele que se reconhece como indivíduo, e começa a se instalar de forma densa quando o cordão umbilical é cortado, necessariamente precisa se reconhecer como responsável por si mesmo. E isso dá medo. E mais, dá pânico. Um pânico aterrador. "Estou sozinho" é um estado mental muito próximo ao de "fui abandonado", quando a Mãe é maldita. Agora vejam! O estado emocional (aqui o mesmo que estado mental) relacionado com o Rim é exatamente o medo, o pânico.
Portanto o Rim nos fala que é para vencermos este medo infantil, que nos faz querer controlar compulsivamente o mundo, e que cresce até se tornar pânico generalizado, este estado mental que caracteriza os dias atuais, com sua violência, guerra, miséria e terror. Entre o Nascimento dado e a invernal e escura Morte certa, o ser humano tem muitas razões para ter medo e pânico, mas trata-se de um estado mental superável.
Neste sentido, nossos ancestrais chineses nos ensinam que a virtude relacionada ao rim é a força de vontade. Exatamente a qualidade necessária para superar o pânico e construir estados mentais não-violentos.
Com honestidade, sinceridade e integridade (atitudes recomendadas pelo Dr. Hélio como favorecedoras do Rim e Vias Urinárias [11]) precisamos manter na mente os ensinamentos da Ancestralidade. Esta chama que seria a de uma olimpíada adequada ao Terceiro Milênio: aquela em que se busca a vitória sobre o estado bárbaro que está dentro de cada um de nós (12); a vitória da ascendência sobre si, pelo exercício da memória de quem se é.
O ensinamento esquecido do Umbigo:
a memória dos Tempos e da Eternidade
Nossos umbigos são a maior lição evidente de ancestralidade que temos inscrita em nossos corpos. Tão devocionalmente interessados e crentes na "potência" libertadora e criadora do ciberespaço por si mesmo, esquecemos de olhar para o nosso próprio umbigo e vê-lo como a tomada de conexão da rede da ancestralidade.
Esta rede que nos pluga à nossa mãe e pai, às mães e aos pais deles, e mais uma vez às mães e aos pais daqueles, e também, e dos outros mais, fios de hereditariedade que se encontram na memória dos tempos. Exatamente esta genealogia que precisamos ter em mente, e que ultrapassa a história humana e mergulha –na mesma proporção em que mergulhamos em nossos corpos os alimentos, a água e o ar- na inexorável e determinante história biológica da Vida e do Universo.
Podemos entender que o Umbigo, ao contrário de nos inspirar apenas como egoístas, em verdade nos lembra da Mãe e esta do Pai, e este da Mãe, e enfim, e por começo, do Colar da Ancestralidade. Como o formado pelo oceano, praias e rios de hoje e de ontem nos quais repousam todos os grãos de areia. Como nós, humanos, queremos repousar dinamicamente em nossos corpos, em todas as nossas relações, por todas as nossas relações.
Escutemos então neste Inverno a voz da Ancestralidade, da qual a Voz Indígena (13) nos fala de forma tão privilegiada. Pois ela é a nossa própria voz. A voz das verdades necessárias a cada um de nós e que só se revelam na medida exata de nosso esforço disciplinado. Do esforço de aprender a medicina -usando uma expressão indígena norte-americana- do Inverno. Deste Inverno não apenas no sentido do Ciclo Anual, mas também, e sobretudo, no sentido de Inverno Civilizatório, pois com certeza os ventos que ventam na epopéica Civilização Ocidental são agora invernais e escuros. Este é a aventura que se oferece a nós.
Notas
1. Tema apresentado no debate promovido pelo Serviço de Reabilitação da Polícia Federal/RJ, em 27.08.2004, a respeito da atual condição masculina, a partir das questões do filme Beleza Americana, que encerrou da série de dez encontros do projeto Reflexão para Homens da Polícia Federal. Faziam também parte da mesa (sob a responsabilidade do coordenador do referido Serviço, Sr. João Paulo Bezerra do Nascimento, agente da Polícia Federal, fisioterapeuta, acupunturista, e do Dr. Luiz dos Santos, psicológo): o Dr. Sebastião Luiz Rodrigues Moreira, homeopata, agente da Polícia Federal e presidente do Sindicato dos Servidores do Departamento de Polícia Federal no Rio de Janeiro; e o Dr. Philippe Bandeira de Mello, psicólogo yunguiano e transpessoal.
2. Ver MATURANA, Humberto R. e VARELA, Francisco J. 2001. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. Palas Athena, São Paulo.
3. WILHEIM, Joanna. 2002. O que é psicologia pré-natal. Casa do Psicólogo. p.25
4. Refiro-me ao conceito de Lacan.
5. Ver OURIQUES, Evandro Vieira (org.). 2003. Diálogo entre as civilizações: a experiência brasileira. ONU, Rio de Janeiro. Apoio institucional UNESCO, Viva Rio, MIR/ISER, CETCC/ECO/UFRJ e Associação Palas Athena. Este livro está disponível para download gratuito em www.unicrio.org.br, Biblioteca.
6.HOLPERIN, Hélio. 1999. A cura pelas virtudes, um redimensionamento da saúde e da cura. Pensamento, São Paulo. p.8
7. Ver OURIQUES, Evandro Vieira. 2002. Como o ser humano voltou ao lugar de onde nunca saiu: a Unidade Sagrada. In www.uri.org/rio2002, Ciclo Preparatório da Assembléia Global da United Religions Initiative, Mesa-Redonda Os Imperativos Ecológicos e a Mobilização da Sociedade. URI, Movimento Inter-Religioso do Rio de Janeiro/ISER e Viva Rio.
8. Ver JULLIEN, François. 1997. Figuras da imanência: para uma leitura do I Ching, o clássico da mutação. Editora 34, Rio de Janeiro.
9. Sobre o papel transmutador da entrega com propósito, é muito importante compreender a questão da ação desinteressada. Ler, p.ex.: OURIQUES, Evandro Vieira. 2004. Gandhi e a ética na mídia. In http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=291ASP021
10. LAPIERRE, Dominique e COLLINS. Larry. 1976. Esta noite a liberdade. Círculo do Livro, São Paulo. p.478. Trata-se de longo e muito interessante trabalho, apesar de mostrar-se escrito sob uma forte ótica européia e sobretudo pró-inglesa. No entanto, tendo em vista o reconhecimento que Gandhi faz em sua autobiografia de outras dificuldades pessoais, registro esta citação por ela exemplicar bem o caráter titânico da luta pela ascendência sobre si.
11. HOLPERIN. 1999:49
12. Refiro-me à expressão do sociólogo francês Michel Maffesoli: ver seu livro A razão sensível. 2001. Editora Vozes, Petrópolis.
13. Ler OURIQUES, Evandro Vieira. 2004. A Voz Indígena. In http://www.rebelion.org/mostrar.php?tipo=1&id=91.
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5 comments:
Olá Evandro,
Aqui é Alessandra. Você me conhece. Sou aquela sua aluna de Jornalismo que fez a sua disciplina umas três vezes seguidas. Lembra?
Recebi o endereço do seu blog pelo e-mail do Curso de Extensão e Capacitação em Mídia e Educação, que pretendo cursar.
Já tinha ouvido falar de sua nova disciplina mas não sabia que era tão abrangente.
Acho superbacana essa sua bandeira de não-violência. Essa questão é muito delicada. Ficamos assombrados com a violência quando acontecem tiroteios como os do último final de semana.
Mas, quando paramos e refletimos sobre nosso comportamento e nosso cotidiano, verificamos o quanto somos agressivos e violentos. Até mesmo com as pessoas que mais amamos.
Buscar esse estado de não-violência é realmente um exercício diário e muito difícil.
E é gratifcante ver idéias tão bacanas sendo divulgadas e criando novos adeptos.
Parabéns.
Evandro,
Parabens!!! Muito bom o seu texto, a parte sobre o rim e o medo, a associacao do umbigo com os ancestrais, nao-violencia...excelente!
Eh muito bom ver alguem que sabe escrever, principalmente na internet.
(A proposito, achei seu texto numa busca google sobre rim/medo, motivada por um comentario do meu professor de yoga. Sou paulistana, moro em Manhattan e meu sobrenome tambem eh Vieira)
Cristina
Black holes in outer space are intense spots where matter callapses. Some of the spirits of God might be trapped inside them . They are helpless, neglected and angry. Use your Phycic Command Power to get them out. There might be 835 alternate universes 100's of billions af light years away. I asked the Archangels wich are the Lights of Devine Action to make a funnel tunnel from the center of every black hole with an Angel spirit trapped inside it in the entire multiverse. At the center of moon crater Luther in Mare- Serenitatis on its very surface. Here the funnel tunnels will combine and leak out the elements silver and thorium 234 from the center of the black holes in all the 835 universes mixed together at the crater sight. This Demensional Gate I call the Pavocrux Gate will energize a green phere in the astral ghost realm to help the trapped Angels escape the black holes. The Gate will open on the moon every Tousday at 9 P.M Maryland D.C time for five minutes. Try to make the transfer phere supply an escape route from the black hole for the spirits with your Phycic Command Power. At the last 30 seconds of the 5 minutes every Tousday the Angels will talk with telepathy about having fun being handy at making some normal D.N.A cells that can live in the black holes in deep space, new life created in the center of galaxies is also aproached. Somewhere millions of light years away are Angels incaged in an uncomfortable state. Invent a particle accelerater electronics system that reaches through a portal and loosens the grip of angel traps in other galaxies. Or sends an energy beam into a black hole that will put the scared spirit angels in outer space into a problem free base.
I want a chance to put my invention on the moon at Luther crater. Modern electronics will care for the funnel tunnels from aproximitly about 3,740,000 black holes in deep space that leak out the two elements. I never talked to space aliens about this but I talked to spirit Angels by quickly looking about 2 feet or 3 feet in front of me to see thoughtforms the spirits use to teach me about the questions I asked them telepathically. They are good at showing colors related to physics and they can make an idea or word pop into my head sometimes. Im not good at channeling. I want to link to the gravity thick black holes with a 10 inch crystal that projects a 78 foot bubble. Cold superconducters 42 in number will be placed in front of the black holes with a space craft. A quality gold lazer naturally a 74 vibration is made a hot 75 then treated to expand to a 1956 vibe that turns on 90 circles, this got 38 zillion off balance husband foot, maybe stuck like Metalica. and the laser has 935 sleepy candy systems in the 45th & 120th magnetic field. The state of 21 crystals found in stars in wich the crystals bend and fluxuate is made into 5 duplicate atomic lakes in a red box with a big triangle in it, this is the essence of a flame. Stars like the Sun have 8 crystals in their center and 13 over that. The 1st crystal in the very center has 8502 atomic eggs in it, like an indomatable first drama with a 3 crabs in in it. Did you know that a nuetron has a square-chip with 1138 lines on it. like an ugly donate voltage stopper. Be carefull with that fact it might lead to a white-bronze portal to nothing! The spirits say at the sub-atomic level there is a wall of emerald, pink and violet smash gut nuetrons with 3 to 85 biting blue ones, pink is the one with a deep connection to spiritual energy. Colors red & blue wrestle with each other and high density high intesity pastal quasie colors are made in the spirit energy spectrum. A new invention can become reality that harnesses the black hole leak matarial at Luther crater. So join my contest to intiutivly channel about an inspired device. People please e-mail me if you have any more ideas on this area of Quantem Physics and it will be added to the blog here.
The 1st and 9th crystal in all stars have 1718 sky blue bybolic void states with 130 to 15 opisate magnets in that.
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