Saturday 9 July, 2005

Comunicação, Poder e Não-Violência é minha nova disciplina na ECO/UFRJ

Desdobrando a disciplina Construção de Estados Mentais na Mídia, oferecida com sucesso em 2004/2 e 2005/1, tive a oportunidade de criar a nova disciplina Comunicação, Poder e Não-Violência e a estou oferecendo a partir deste semestre.
Eis a Ementa:

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
ESCOLA DE COMUNICAÇÃO
DEPARTAMENTO DE EXPRESSÃO E LINGUAGENS

DISCIPLINA
Comunicação, Poder e Não-Violência
Prof. Evandro Vieira Ouriques

EMENTA

Como exercer Comunicação e Poder de maneira a que palavras éticas se transformem em ações concretas? Ou seja, como articular na teoria e na prática a conquista da Liberdade (o primado da invenção e da criatividade, portanto da Diferença) com a Vinculação Social (portanto o encontro da Semelhança)? De que maneira é possível que as conquistas pós-modernas da autonomia humana sejam compatíveis com a vigência de valores universais, exigidos para superar a violência (afirmação do sujeito feita na supressão do Outro) expressa na crise ecológica, na opção criminal (corrupção incluída) e na exclusão social? Em que a abordagem comparativa entre o pensamento gandhiano (o poder transformador da resistência não-violenta) e a epistemologia não-dualista (vedanta, ancestral e monista), de um lado, e o pensamento pós-moderno, de outro, contribue para esta meta, uma vez que de fato a percepção é o momento privilegiado do agir?

Trataremos assim da relação entre a Desobediência Civil Mental, que sustentamos (o pensamento e a vontade são o primeiro aparelho de captura), e o vigor da Experiência de Comunicação (livre, desinteressada, surpreendente e oposta à experiência de informação, do convencimento) e da Experiência de Poder (resgate da dimensão do político) no presente capitalismo midiático/cognitivo (mídia-mundo). Extremamente dinâmico, engendrado nas estéticas da comunicação -híbridas de ciência, informação, arte e psicologia- este capitalismo disponibiliza uma viril gênese maquínica de real e mesmo uma co-gênese físico-biológica do próprio ser vivo (bio-poder). Porém não fornece aos profissionais e cidadãos, por si mesmo, uma referência da Sociedade do Conhecimento) para lidarem com seus poderes pessoais, organizacionais, corporativos e políticos de maneira que seja possível, como a sociedade quer, superar o estado bárbaro que efetivamente está em cada um de nós, e construir a Sociedade do Conhecimento.

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