Tuesday 14 June, 2005

Gestão da Mente foi minha palestra na Conferência Internacional 2005 -Empresas e Responsabilidade Social, realizada pelo Instituto Ethos e PNUD

Marketing e Comunicação são temas de mesa de Conferência organizada pelo Ethos
Lisandra Maioli
10/06/2005
http://www.setor3.com.br/senac2/calandra.nsf/0/D315450930DD83318325701C006B5D7E?OpenDocument&pub=T&proj=Setor3&sec=REPORTER+S3

A comunicação tem um papel importante na comunidade no processo de formação de valores da sociedade. Ela dissemina valores, forma opinião, estimula ações, promove a cultura de uma nação. Refletindo sobre esses temas, o Painel "Comunicação ética e construção de valores para uma sociedade sustentável" procurou debater no último dia 8 de junho os impactos e a contribuição da comunicação empresarial na formação e disseminação de valores éticos de uma sociedade sustentável.

Com palestra inicial do vice chairman da SustainAbility, Geoff Lye, a mesa contou com a mediação do gerente de Comunicação do Instituto Ethos, Leno F. Silva e com os debatedores: Ricardo Guimarães, presidente da Thymus Branding; Evandro Vieira Ouriques, coordenador do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência e pesquisador da Escola de Comunicação da URFJ; Rosa Alegria, presidente da Perspektiva – Tendências, Cenários e Estratégias.

O debate ficou em torno principalmente do marketing institucional e social praticado por empresas. Um acontecimento recente lembrado pela platéia e exposto por Guimarães foi sobre a proibição da veiculação da propaganda da Volkswagen que, segundo o próprio Guimarães "foi uma podução publicitária no mínimo ingênua. Mas a sociedade surpreendeu pedindo a retirada da propaganda. Minha avaliação em relação a esse acontecimento é positiva já que houve uma reação da sociedade", sorri.

Embora o foco do debate tenha sido a comunicação pela ótica do marketing, o jornalismo também foi questionado como prática social. Para o professor e também jornalista Evandro Vieira Ouriques, que defendeu a tese da Gestão da Mente nesse processo, "as pessoas, assim como as empresas, precisam voltar a pensar e a sentir por si mesmas. Esquecemos muitas vezes que o que vemos nos jornais são recortes da realidade e não a realidade em sua totalidade", alerta.

O professor Vieira destacou ainda que, segundo pesquisa realizada por ele, a crise da solidariedade social acontece principalmente pelo descompasso entre a palavra e a ação: "Não há solidariedade se o ato ou a ação exclui a palavra que a fundou", explica lembrando que muitas empresas pregam responsabilidade social usando as ferramentas de marketing, mas por outro lado, não a pratica internamente. A solução, para ele, seria se a Comunicação fosse encarada "por uma visão mais holística, em que lembramos que somos seres incluídos em grupos, sejam nossas famílias, sejam a empresa na qual trabalhamos", explica o professor. "Quando entendermos que 'eu' e o 'outro', 'empresa' e 'público', são um só, não seremos mais ameaçados pela ânsia pelo lucro", completa.

A presidente da Perspektiva, Rosa Alegria, concorda com o professor: "Precisamos desenvolver uma expressão crítica sobre como a comunicação empresarial, o marketing e o jornalismo têm sido praticados", indigna-se. Rosa diz sentir uma "urgência" em relação a esse processo e defende que "a comunicação como um todo não tem que simplesmente mudar, precisa sim de uma grande transformação". Ela acredita que a solução é avaliar como a comunicação vê o ser humano: "Para se fazer ética na comunicação, é necessário se mudar a ótica que a comunicação vê o ser humano. E sempre pensar qual é o impacto que a comunicação das empresas têm sobre nós", alerta. Ela pede atenção para a responsabilidade de cada campanha finalizada, de cada matéria 'fechada': "Existe uma reflexão sobre o impacto da comunicação quando ela é desenvolvida? Avalia-se se o efeito nas pessoas é bom, positivo?", indaga para a platéia.

Rosa defende que para se construir um futuro solidário e sustentável, é necessário se pensar qual é a imagem que a comunicação está construindo sobre o futuro. Para ela, essas imagens do futuro, que não têm sido construídas e sim destruídas pela comunicação, são fundamentais para uma mobilização da sociedade poder construir um futuro sustentável para seus filhos e netos. "Precisamos sair desse caminho de críticas e partir para o da celebração, jogando os holofotes para o que tem acontecido de positivo, de importante, de solidário", elucida.

Outra preocupação de Rosa é em relação a incentivo consumista que o marketing e a comunicação provocam no indivíduo: "Se analisarmos a palavra 'consumo' etimologicamente, percebemos que 'Com+sumo' significa 'fim' e o que precisamos nos lembrar é que a vida tem continuidade, o fim não é o sentido da vida", indigna-se. Para ela, tem-se praticado o que chamou de "Branding irresponsável", em que, segundo ela, o "eu" ser Humano tem sido reduzido a "mercado", resultando numa invasão de marcas e desconstrução de nossa própria identidade. Com essa reflexão, ela destaca ainda a importância da comunicação para construção de valores da sociedade: "Temos que refletir que não somos simplesmente um ser consumista e sim um ser pensante e social e nesse processo, a comunicação tem um papel fundamental", diz. "É importante culturalmente encontremos novas formas de olhar, transformar estes processos e ir além do que as empresas acham que o consumidor quer", completa Guimarães.

Mas, segundo Rosa, a Comunicação em geral está passando por uma fase de angústia, o que pode ser positivo se isso levar alguns profissionais à reflexão sobre seu papel. Um exemplo positivo, para Rosa, é o trabalho realizado pela EthicMark que dedica um selo de ética para comunicações socialmente responsáveis. Outros exemplos citados por Rosa são: iPaz e Imagens e Vozes da Esperança, projetos realizados por comunicadores tão "indignados" quanto ela com a falta de ética praticada na comunicação. "Trata-se de um conjunto de jornalistas e profissionais da comunicação que estão se reinventando e dando possibilidades para a construção de uma comunicação mais ética e pensando na evolução da consciência", orgulha-se.

O vice chairman da SustainAbility, Geoff Lye, único não-brasileiro da mesa, elogiou a sinergia entre os debatedores e garante que tem uma visão otimista e positiva sobre os problemas enfrentados pela comunicação que, segundo ele é mundial: "O fato de em todos os lugares do planeta estamos nos reunindo para fazermos juntos essa reflexão já aponta que estamos buscando caminhos melhores permeados por valores bons", acredita. Ele destacou ainda que as empresas precisam ter parte nesse processo da busca da solução dos problemas que não só a comunicação está enfrentando como toda a sociedade: "A maioria ignora que faz parte do processo de mudanças, ma só assim seremos capas de agir", finaliza aplaudido pela platéia.

A Conferência Internacional 2005 - Empresas e Responsabilidade Social, organizada pelo Instituto Ethos em parceiria com o PNUD- Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, aconteceu neste mês de junho em São Paulo. Já na sétima edição, teve como tema central "Parceira para uma Sociedade Sustentável", dividido em plenárias, mesas-redondas, painéis temáticos, oficinas de gestão e exposição, além de atrações culturais.

Ao Ilustríssimo Senhor
Evandro Vieira Ouriques
evouriques@terra.com.br

Prezado Senhor,

Vimos pela presente compartilhar os diversos elogios que recebemos durante a Conferência Internacional 2005 - Empresas e Responsabilidade Social, que o Instituto Ethos promoveu em parceria com o PNUD.

Esta Conferência contou com a participação de cerca de 1200 pessoas e 84 palestrantes, com a cobertura de aproximadamente 160 jornalistas, sendo transmitida on line pelos sites do Instituto Ethos, Instituto Algar e pela rádio do portal Mega Brasil e, ao vivo, pela Rádio CBN.

A sua participação no Painel Temático 4 -Comunicação Ética e Construção de Valores para uma Sociedade Sustentável, contribuiu imensamente para esse resultado.

Agradecemos sua colaboração e esperamos contar com a sua contribuição em outras oportunidades.

Atenciosamente,

Paulo Itacarambi
Diretor-Executivo
Instituto Ethos